Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Aventura Sci-Fi impressiona pelo visual, mas falha no que fazia a franquia ser especial

Um universo microscópico, onde tempo e espaço possuem suas próprias regras e que se localiza em algum lugar muito menor do que os átomos, define o Reino Quântico, conceito apresentado no Universo Cinematográfico Marvel para o primeiro filme do super-herói que encolhe mais famoso da cultura pop, Homem-Formiga(2015). Lá, apenas introduzido como artifício de roteiro que unia a derrota do vilão com a trama base envolta de Hank, Hope e especialmente Janet. A partir disso, um gancho é gerado para a sequência, que culmina na trama de Homem-Formiga e a Vespa (2018), onde os personagens criam a tecnologia necessária para achar Janet Van Dyne até então perdida em estado subatômico.

Na continuação, o Reino Quântico já é muito mais explorado tanto em motivação de protagonistas e antagonistas, quanto de conceito propriamente dito, e nela podemos ver muito mais de seu visual e regras, mas ainda assim, passa longe de ser explorado em todo seu potencial, e de quebra, deixa diversas pontas soltas e dúvidas que precisavam ser respondidas. Mesmo sendo um elemento essencial para o MCU (Marvel Cinematic Universe) desde que foi apresentado, com uma importância em Vingadores: Ultimato (2019), Loki (2021) e outras obras que abordam a temática Multiversal, especialmente na fase 4, é somente agora, com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023), filme que inaugura a fase, que o Reino Quântico é abordado de maneira mais explícita.

Após os eventos que configuram o Blip (Thanos em Vingadores Guerra Infinita e Ultimato), Scott Lang (Paul Rudd) vive uma vida sossegada, autor de um livro auto-biográfico, namorando Hope Van Dyne (Evangeline Lily), agora comandante das indústrias antes do pai. Cassie (Kathryn Newton), agora jovem-adulta, anda militando contra a expulsão de moradores de rua que perderam suas casas pós-Blip, e também passou a estudar o Reino Quântico e construiu um satélite para o mesmo. Entretanto, acabam sendo sugados para o universo microscópico e lá acabam tendo de lidar com Kang, o Conquistador (Jonathan Majors) e devem fazer de tudo para ele não escapar para a sua realidade.

O longa que inaugura a fase 5 da Marvel, resolve desfocar no mundo humano, tendo apenas o seu prólogo e epílogo no mesmo, e com o foco completo no novo universo criado. E não poderia ser diferente, uma vez que mesmo ja tendo aparecido antes, ainda se sabia muito pouco de como aquele universo se manifestava. Agora, a abordagem é inteiramente nele e em como os personagens interagem nesse mundo. É admirável como o Reino Quântico é bem esmiuçado, com sua próprio funcionamento de sociedade e diversas espécies características. A única decepção, é possuir criaturas completamente humanóides, sem nenhum contexto de como elas existem por lá, uma vez que nem sequer sabem da existência de humanos e/ou da Terra. Entretanto, os grupos sociais, a situação política e as relações comerciais e sociais daquele local são muito bem estabelecidas. Essa construção de ambientação se assemelha em muito com a saga de ópera-espacial, Star Wars. Não apenas no funcionamento de universo, mas também na temática, já que Quantumania também aborda temas políticos de opressão e rebeliões.

Kang é o maior destaque do terceiro filme do Homem-Formiga, não apenas pela excelente atuação de Jonathan Majors, mas porque a figura do Conquistador tem tudo o que faz um bom vilão. Poderoso, imbatível, ameaçador e com uma boa motivação. É a figura mais interessante do longa de longe. Não tão elogiável é a utilização do resto dos personagens da trama, já que, apesar de todos terem funções ativas na trama, e não ter nenhum ter participação forçada ou inútil dentro do roteiro, sente-se ainda que seus arcos não são tão bem definidos, e inclusive alguns deles não passam por uma jornada de aprendizado e/ou evolução. Parece que eles acabam saindo do ponto A ao B, da mesma forma que começaram a jornada. A única que possui um maior aprofundamento é Cassie, que até passa por um arco de provação, mas nada que vá além do básico.

O escopo dessa sequência é muito maior que o dos filmes anteriores, logo é mais recheado de efeitos visuais, cenas de ação grandiosas e cenários mais elaborados. Isso contribui e muito para o visual como um todo, que possui uma fotografia agradável e criações inteligentes que dão gosto de ver.Infelizmente, no lado da comédia, o terceiro longa falha com relação aos anteriores, não somente pelo fato de tentar se levar mais a sério que seus antecessores, o que é justificável, mas sim porque suas tentativas de humor são falhas e podem soar pedantes, mesmo não sendo um desastre completo.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é um bom filme. Divertido e uma aventura sci-fi pipoca que é um agradável entretenimento momentâneo. Porém não chega a ser marcante ou memorável pela sua história, e no seu humor, falha. Mas, a presença do vilão faz valer e muito a experiência, e é uma ótima forma de introdução ao personagem que logo mais terá uma importante função para a saga do Multiverso no MCU.

Gabriel Ladeira

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