Indiana Jones e a Relíquia do Destino – confira a crítica do filme

Prestes a se aposentar e enfrentando crises complexas no relacionamento e na vida, um renomado professor de arqueologia se enxerga por uma perspectiva de derrota, cuja única alterativa é ver o tempo passar até o fim de sua vida. Isso poderia facilmente ser a sinopse de um filme de drama, mas é apenas o pontapé inicial da nova aventura de Indiana Jones.

O novo longa é dirigido por James Mangold, escolhido pelo próprio Steven Spielberg para dar sequência à história do lendário herói e arqueólogo Indiana Jones. O diretor também participou do roteiro do filme.


Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, vemos Indy Jones (Harrison Ford) frustrado com a vida, sofrendo por um luto e prestes a se separar de Marion, o grande amor de sua vida. Os tempos áureos e repletos de ação de sua vida agora já são tão distantes que não passam de uma nostalgia que beira a melancolia. No entanto, a vida de aventuras está longe de se encerrar para Indy, já que ele é abordado por sua afilhada Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), que o coloca em uma jornada em busca de um artefato feito pelo matemático Arquimedes que pode causar grandes impactos na linha do tempo.


Tudo acontece em um cenário de Guerra Fria, onde Jones reencontra Jürgen Voller (Mads Mikkelsen) um ex nazista e inimigo que enfrentara no passado e que agora está envolvido com a corrida espacial e em busca do mesmo artefato misterioso e poderoso. Jürgen Voller está acompanhado de seus capangas Klaber (Boyd Holdbrok) e Hauke (Olivier Richters), além da agente Mason (Shaunette Renée Wilson).
Pronto, está aí o enredo do suposto último filme da franquia com o ator Harrison Ford, a grande despedida que promete muitas aventuras, lutas épicas e um adeus icônico ao nosso eterno Indy. Será que isso se concretiza?

Reprodução do trailer de Indiana Jones e a Relíquia do Destino no Youtube. Créditos: Walt Disney Studios.


Introdução de novos personagens à franquia e química entre protagonistas


É inegável que neste quinto filme da franquia, o protagonismo foi dividido entre Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge, talvez até um pouco mais para a Phoebe do que para o próprio Ford. A química entre os dois personagens é o que dá gás à trama e traz uma gostosa reflexão sobre o que é certo, errado e moralmente ambíguo quando se trata de tentar fazer o possível para viver bem.


Helena Shaw traz uma jovialidade repleta de energia e sagacidade que movimenta a vida de Indiana Jones. Junto a ela, somos apresentados também ao Teddy Kumar (Ehtan Isidore), um garoto esperto que acompanha Helena em suas aventuras e, consequentemente luta ao lado de Indiana Jones.
Mads Mikkelsen também está ótimo como o antagonista Jürgen Voller, mas tanto ele quanto a agente Mason tiveram pouco desenvolvimento.

Phoebe Waller-Bridge e Harisson Ford em Indiana Jones e a Relíquia do Destino. Créditos e direitos: ©Disney.


Homenagens e easter-eggs da franquia para os fãs


Se é uma despedida, não pode faltar homenagem a o que foi a franquia ao longo das décadas. Quem nunca assistiu a uma aventura de Indiana Jones na telinha da tv? O herói está enraizado na cultura pop e tem cadeira cativa no coração dos fãs. Portanto, é de se esperar que o novo filme traga homenagens ao passado, easter-eggs e vislumbres de personagens queridos e outrora. Esse tipo de afago aquece o coração de quem tem muito carinho pela franquia e promete agradar.


As cenas de ação se mantêm presas ao passado


É de se esperar que a franquia não se arrisque a inovar tanto na fórmula de ação que mais fez sucesso entre os anos 80 e 90, mas o problema acontece quando isso traz a sensação de “mais do mesmo”. A ação do filme é basicamente tudo o que todo fã de Indiana Jones e, mais que isso, todo fã de qualquer filme de ação já viu. Tem luta em cima dos vagões de trem em movimento, tem perseguição em avião, tem galhofa, tem coreografia que é intencionalmente boba, tem chicotada e facilitações narrativas que fazem a gente soltar o famoso “que mentiraiada” e até aí tudo bem, é esperado nesse tipo de franquia blockbuster, mas será que não tinha espaço para uma leve modernizada?


Falando em modernizada, eu vou apenas dizer aqui que a primeira parte do filme tem um baita deep fake que promete dividir opiniões.


Um filme de viagem ao tempo em que parece que o tempo não passa


A premissa de Indiana Jones e a Relíquia do Destino é interessante e os personagens novos tinham tudo para abrilhantar o longa, porém pareceu que o tempo não foi bem utilizado para desenvolver os novos personagens. O foco do filme foi mesmo ação, ação, ação, ação e no meio disso uma corrida de tuk tuk. Cansou. Poderia facilmente ter uns 30 minutos enxugados.


Quando as cenas de ação ficam mais longas que as cenas de desenvolvimento de personagens, a conta desequilibra e o filme perde força. O terceiro ato é um exemplo disso. Na reta final do filme, tanta coisa confusa acontece ao mesmo tempo que, mesmo as resoluções mais importantes e impactantes na vida dos personagens acabam perdendo espaço para a ação. O drama está ali, existe um fechamento e algumas pontas soltas parecem ser amarradas, mas tudo acontece quando você mal se recuperou de toda a confusão que aconteceu.


Mas, em meio a tudo isso, uma coisa é absolutamente inegável, o filme é Indiana Jones em sua essência do início ao fim, além de ser consideravelmente superior ao seu antecessor Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. De forma geral, James Mangold fez um ótimo trabalho. Phoebe Waller-Bridge, Ehtan Isidore, Mads Mikkelsen e Shaunette Renée Wilson estavam ótimos em cena, e o Harison Ford continua com aquele brilho nos olhos ao dar vida ao nosso eterno Indiana Jones.

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