Megatubarão 2 é tão ruim que é bom?

Estreia hoje (03/08) nos cinemas a sequência do filme Megatubarão (2018), o Megatubarão 2. Desta vez, o longa é dirigido por Ben Wheatley, e o roteiro é de Erich Hoeber, Jon Hoeber e Dean Georgaris.

Na trama, vemos Jonas Taylor, personagem de Jason Statham, novamente envolvido com megatubarões. Desta vez, ele trabalha em uma estação de pesquisa ao lado de Jiuming (Wu Jing), tio da pequena (agora nem tão pequena assim) Meiying (Shuya Sophia Cai). Ambos lideram uma equipe que segue em uma jornada exploratória na fossa mais profunda do oceano, até que, após a fuga de um megatubarão “domesticado”, eles precisam mudar a rota e acabam se deparando com uma estação clandestina de mineração, o que os força a lutar contra vilões mercenários ao mesmo tempo em que lutam para sobreviver aos perigos das profundezas do oceano e, claro, dos megatubarões.

Demorou para engatar

Os trailers são de encher os olhos, e a vontade de ver no cinema um megatubarão devorar um t-rex é o que vai levar muita gente a assistir ao filme, porém algumas pessoas podem se decepcionar. O filme não se decide se é suspense, se é drama ou se é comédia trash. Quem gostou de Megatubarão 1 pelas tramas, pelo suspense e drama, talvez não goste desse porque ele é essencialmente mais vazio, nenhuma morte (ok, talvez uma) choca ou tem peso emocional. Já quem curtiu o primeiro filme pela parte mais absurda e trash com megatubarões devorando todo mundo pode se cansar porque a sequência demora para engatar.

O primeiro ato, por exemplo, mostra todo esse lado humanitário do filme e de Jonas, que quer lutar contra o descarte ilegal de lixo tóxico no oceano. Ao mesmo tempo, vemos Jiuming com um traje de mergulho ultrarreforçado e seguro, que passa uma imagem quase que “Homem de Ferro”, porém, esse detalhe é logo esquecido pelo roteiro. Ainda no primeiro ato, vemos algumas continuações de dramas que se passaram no primeiro filme e descobrimos o destino de alguns personagens, como Suyin, que teve um papel importante no primeiro filme.

A sequência exploratória em uma trincheira mais profunda que a fossa das marianas é uma das partes mais legais do início, quase parece que o filme vai assumir um estilo mais voltado para suspense e ficcção científica. Um adendo aqui é o timing de mostrar situações de implosão dentro de submarinos – foi chocante assistir e inevitavelmente associar ao acidente da Ocean Gate. Mas as situações vão ficando cada vez mais absurdas e o filme mostra que a galhofa estava à espreita. Ao trazer questões de como lidar com megatubarões e possivelmente domesticá-los, ou então como sobreviver à pressão do fundo do mar sem equipamentos de segurança, o roteiro parece brincar com a inteligência dos telespectadores. Ao demorar para se desenvolver, Megatubarão 2 peca também em seu principal trunfo: mostrar megatubarões. A gente só sente o “perigo” dessa espécie depois de mais de uma hora de filme.

O segundo ato perde força quando, em vez de focar nos megas (sim porque são mais de 3), mostra a disputa entre os mocinhos e os vilões. E por falar em vilões, Sergio Peris-Mencheta interpreta um mercenário que não assusta, não tem razão de ser e cuja cena mais legal é quando chora ao perder a namorada; Sienna Guillory interpreta uma vilã óbvia e caricata e que também não tem muita importância no filme, além de, óbvio, ter metido os exploradores nessa treta. Os coadjuvantes DJ (Page Kennedy) e Mac (Cliff Curtis) são o alívio cômico do filme, e eu confesso que gostei bastante do personagem de Wu Jing e sua essência de rico, filantropo e herói irresponsável, mas o filme é mesmo de Jason Statham. Não dá para não curtir o cara driblar três megatubarões com um jetski.

Tão ruim que chega a ser bom

O terceiro ato é assumidamente farofa, ele se passa na ilha da diversão, que só de bater o olho já é possível saber que não passa de um menu completo para as criaturas do filme encherem o “buchinho”. Ah, é, criaturas no plural, isso porque Megatubarão 2 traz também dinossauros e até um polvo gigante, numa cena bem estilo ataque de kraken. Nesse sentido, e como era de se esperar de uma continuação, o filme é maior nas ambições: tem mercenário sendo devorado por dinossauro, tem polvo gigante esmagando pessoas na praia, tem megatubarão brigando com polvo, e claro, tem a cena de Jason Statham “parando um mega com a perna”.

Apesar de ser empolgante ver todas essas criaturas fazendo um verdadeiro banquete, tudo acontece ao mesmo tempo e não dá para entender bem o porquê de tudo aquilo. Mas, se serve de algo, o terceiro ato é o mais legal e o que mais diverte, talvez por ser o momento em que o filme realmente para de se levar a sério e traz toda aquela ação absurda retratada nos trailers (que é o que a gente realmente quer ver). Desde o CGI aos diálogos bregas, o terceiro ato é tão ruim que é bom.

Megatubarão 2 tem uma pegada diferente de seu antecessor: ele se assume mais “farofa” e entrega bastante diversão, mas peca ao se levar a sério e tentar manter o suspense no início da trama. Vale a pena? Isso depende do que você espera de um filme de megatubarões.

Assista ao trailer de Megatubarão 2, que estreia em 3 de agosto nos cinemas brasileiros

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