Besouro Azul não inova no gênero, mas ganha o público por ter grande coração

O novo longa de heróis da DC, Besouro Azul, acaba de estrear nos cinemas e já vem ganhando boa reputação entre os críticos e os fãs.

Jaime Reyes acaba de se formar e para comemorar vai visitar a família em sua cidade natal, Palmera City. O que ele não esperava é que a família estaria em uma situação financeiramente muito complicada. Para ajudar a família a se reerguer, Jaime consegue um emprego na casa da ricaça Victoria Kord, dona de um verdadeiro império na cidade e idealizadora de um programa de armas humanas; é quando ele conhece a sobrinha de Victoria, Jenny Kord, que ao contrario da tia, quer que esse programa não vá para a frente e acaba envolvendo Jaime e sua família numa verdadeira guerra.

O filme é dirigido por Ángel Manuel Soto e tem o roteiro assinado por Gareth Dunnet-Alcocer. Como protagonista, vemos Jaime Reyes (Xolo Maridueña) juntamente de sua família, o pai Alberto (Damián Alcázar); a mãe, Rocio (Elpidia Carrillo); a irmã, Milagro (Belissa Escobedo); o tio, Rudy (George Lopez) e a avó, Nana (Adriana Barraza). Como interesse amoroso e surpreendentemente como coprotagonista, temos a brasileira Bruna Marquezine interpretando Jenny Kord, digo surpreendentemente porque os trailer não mostravam que o papel dela seria tão grande e tão bem desenvolvido, mas falaremos disso mais para a frente. Como antagonistas, o filme traz a vilã Victoria Kord (Susan Sarandon) e seu capanga/arma de combate Carapax (Raoul Max Trujillo).

A clássica Jornada do Herói

É, não foi dessa vez que a DC inovou nas histórias de heróis. Vemos Reyes sonhando em ser alguém na vida, se descobrindo um potencial herói, passando pela fase de negação até entender que aquele era seu destino. Essa não é uma fórmula nova em filmes do gênero, mas em nenhum momento foi prometido que seria, a verdade é que não se esperava muito de Besouro Azul, considerado uma produção lado B da DC, mas a boa notícia é que mesmo não inovando no gênero, o filme consegue conquistar os telespectadores por ter um enorme coração e o tempero latino.

Jaime é um protagonista extremamente carismático, aqui vemos Xolo Maridueña em boa forma e ainda mais brilho nos olhos. É fácil sentir que o ator nasceu para interpretar Jaime. Embora em boa parte do filme o personagem se destaque pelas relações com a família, quando é colocado à prova demonstra um bom desemprenho de herói. Se houver uma continuação, pode ser que o herói ganhe ainda mais fãs.

A química entre Jaime e sua família é facilmente a coisa mais bonita e rica de todo o filme, é retratada com naturalidade e muito calor humano latino-americano. É diferente, sabe? A gente realmente se importa com todos os personagens da família, desde o paizão humilde, mas otimista; a mãe preocupada; a irmã mais nova e rebelde; o tio doidão e encucado e a avó “fofinha” até a página 2.

Outro bom desenvolvimento é da química entre Jaime e Jenny, ou mesmo entre Xolo e Bruna Marquezine. Os dois atores parece que foram feitos para contracenar juntos. Jenny, inclusive, é uma personagem muito bem desenvolvida e que tem um arco muito maior do que se esperava ao ver nos trailers. Ela é o verdadeiro ponto de partida para que tudo aconteça, ao mesmo tempo que é a facilitadora, a musa inspiradora e uma possível heroína também. É muito legal assistir sabendo que a personagem é brasileira (para tentar explicar um possível sotaque) e é interpretada por uma atriz brasileira muito querida como a Bruna. A atriz, inclusive, manda muito bem na atuação mesmo não tendo o inglês como língua materna, ela desenrola bem e demonstra que consegue atuar e emocionar em qualquer língua.

O mesmo infelizmente não se pode dizer dos vilões do filme, que são subdesenvolvidos e têm pouca motivação. Victoria Kord é interpretada de uma forma quase quadrada pela Susan Sarandon, trazendo aquele clichê de vilã megalomaníaca, mas com zero carisma. Já o personagem de Raoul Max Trujillo, o Carapax, poderia ser melhor desenvolvido, a trama mostra que ele tem muito potencial e todo o ódio dele é nada mais que tristeza internalizada, mas tudo se resolve de uma forma tão simplista que é quase como se apagasse o poder do personagem.

Bonito e colorado

Nem só de azul vive o filme, o filme tem uma paleta de cores forte e colorida, enquanto as cenas de ação são rápidas e dinâmicas. O filme foi filmado para ser exibido em IMAX, mas não espere algo inovador ou muito criativo.

Como é de se esperar nos filmes de heróis, tem muitas referências e easter-eggs, mas o mais legal em Besouro Azul é que é quase tudo da cultura latina. Vemos referências a novelas mexicanas e até ao universo do Chapolin Colorado. Não tem como não sentir uma nostalgia gostosa ao receber essa chuva de referências que traz o universo de Besouro Azul para mais perto de nós.

Besouro Azul tem coração e muita diversão, vale a pena assistir de coração aberto a esta grata surpresa da DC.

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