Show Ghost em São Paulo 21/09

Ghost em São Paulo: Um Espetáculo Infernal

Inicialmente, o Ghost estava programado para realizar um único show no Brasil em 21 de setembro. Como era de se esperar, os ingressos se esgotaram em questão de minutos, o que resultou na abertura de uma segunda noite, programada para o dia anterior. Consequentemente, a segunda apresentação dos suecos já estava com os ingressos esgotados há muito tempo. A expectativa era grande, já que todos aguardavam uma despedida memorável da “Re-Imperatour” no país – e, felizmente, ninguém saiu desapontado. Poucas foram as mudanças entre a primeira noite e a segunda apresentação. A maior delas foi a inclusão da banda Crypta, que conseguiu superar os problemas logísticos da noite anterior para abrir o show.

Crypta: Uma das Melhores Bandas de Metal Brasileiras

As talentosas brasileiras Fernanda Lira (vocais e baixo), Luana Dametto (bateria), Tainá Bergamaschi e Jéssica di Falchi (ambas na guitarra) subiram ao palco pouco antes das 19h30. A resposta da plateia não poderia ter sido melhor. A sonoridade extremamente brutal da Crypta agradou até mesmo aqueles que não são fãs fervorosos do gênero. Entre suas muitas qualidades, a banda consegue combinar o death metal mais agressivo e técnico com melodias surpreendentemente acessíveis – pelo menos dentro dos padrões desse estilo musical. Vale a pena destacar a notável habilidade das integrantes da banda. Tainá e Jéssica entregam potência e melodia na medida certa, enquanto Fernanda Lira se transforma em uma verdadeira força no palco – no melhor sentido possível. Nos bastidores, Luana Dametto continua sendo a máquina imperturbável que sempre foi, como nos tempos em que fazia parte da Nervosa, a outra banda de Fernanda Lira. Mesmo com um espaço de palco limitado – devido ao equipamento do Ghost que ainda ocupava a maior parte do espaço – a Crypta conseguiu entregar um show grandioso. Nesse momento, elas estão promovendo o recém-lançado álbum “Shades of Sorrow”, do qual se destacou um dos momentos mais intensos da apresentação: o single “Lord of Ruins”.

Ghost: A Encarnação Perfeita de uma Liderança Carismática

Após o desmonte do equipamento da Crypta, não demorou muito para que um pano branco cobrisse a frente do palco no Espaço Unimed. O público presente esperava uma breve introdução, mas foi surpreendido com “Miserere mei, Deus” de Gregorio Allegri, uma peça sacra cristã que durou cerca de 15 minutos. Isso diz muito sobre o espírito descontraído de Tobias Forge e sua equipe, que, pela segunda noite consecutiva em São Paulo, apresentaram um inesperado interlúdio religioso para um público majoritariamente de heavy metal. A verdadeira introdução começou com a vinheta “Imperium”, que abre o mais recente álbum, “Impera” (2022), seguida de “Kaisarion” e a entrada triunfal do Papa Emeritus IV, também conhecido como ex-Cardinal Copia. Após a segunda música, “Rats”, todos naquele local estavam completamente cativados pelos suecos. O público ainda foi agraciado com uma pequena mudança no setlist: “Faith”, tocada no primeiro dia, foi substituída por “From the Pinnacle to the Pit”, uma faixa de “Meliora” (2015). Muitos tiveram suas reservas em relação ao Ghost desde a primeira vez que a banda tocou no Rock in Rio em 2013. Naquela época, tudo era muito diferente, com o Papa Emeritus ainda em sua segunda encarnação e Forge mantendo-se no palco em trajes clerigais, criando um ambiente ritualístico. Com o passar dos anos, as apresentações tornaram-se mais dinâmicas, e o aspecto de missa negra se tornou apenas um dos momentos do show – quando acontece, funciona de forma eficaz, especialmente graças à seleção cuidadosa das músicas, como “Call me Little Sunshine” e “Con Clavi Con Dio”. A interação com o público tornou-se mais evidente no final do concerto. Tobias Forge, o frontman e idealizador da banda, agradeceu o apoio e a hospitalidade do público brasileiro, elogiou a Crypta e até mesmo teve que lidar com pedidos para tocar “Twenties” – uma faixa de “Impera” que, segundo ele, foi inspirada no hip hop/funk brasileiro e já havia sido executada em shows recentes nos Estados Unidos. Inicialmente, Forge recusou o pedido, mas prometeu que a música fará parte do setlist na próxima visita ao país, como recompensa pelo bom comportamento do público. Como um “prêmio pelo bom comportamento”, a plateia foi presenteada com um final impressionante. “Kiss the Go-Goat” ganhou uma energia incrível ao vivo, “Dance Macabre” resumiu brilhantemente o que o Ghost representa, e “Square Hammer” fez até mesmo os metaleiros mais puristas se sentirem tentados a dançar. E acredite, eles estavam lá – afinal, quem não gosta do Ghost, mesmo que diga o contrário? Em resumo, o show do Ghost em São Paulo foi mais do que uma simples performance musical; foi uma experiência única que cativou a todos, independentemente de suas preferências musicais. Com sua mistura inigualável de teatralidade, músicas poderosas e interação genuína com o público, a banda de Tobias Forge transcendeu as expectativas. O Ghost não apenas entregou um espetáculo de alta qualidade, mas também consolidou sua posição como um dos atos mais carismáticos e cativantes do mundo do rock. O Ghost é, sem dúvida, um fenômeno musical que continuará a conquistar corações em todo o mundo.

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