Jurassic World: Domínio – Decepcionante Final | Crítica

Em 1993, Steven Spielberg trazia para as telonas um filme revolucionário que iria mudar a indústria do cinema para sempre. “Jurassic Park” contava a história de um parque/zoológico de dinossauros que foram criados a partir de DNA extraído de mosquitos pré-históricos que foram petrificados em seiva há milhares de anos. O longa foi um impacto gigantesco em seu lançamento, principalmente pelos efeitos especiais de cair o queixo utilizados para dar vida aos dinossauros, que misturavam efeitos práticos de animatrônicos (robôs manipulados por humanos que possuem movimentos realistas e expressivos) com a até então pouco utilizada, computação gráfica. Tudo isso, em prol de tornar os extintos animais realistas, grandiosos, impactantes e assustadores pro expectador. Junte isso, com a maestria na direção de Spielberg, que cria um mistério nas figuras dos dinossauros, inicialmente os escondendo para que quando sejam apresentados de fato, o impacto seja maior. Adicione ainda, uma história divertida, personagens cativantes, um clima bem balanceado entre a aventura descompromissada com um suspense e leve pitadas de terror para dar o tom de urgência, tornam do primeiro filme da saga, um clássico não só querido pelos fãs de dinossauros, como fãs da sétima arte em geral.

Infelizmente, a franquia seguiu com obras que jamais chegaram aos pés do original, passeando por uma lista de altos e baixos. Mesmo Spielberg voltando para a continuação “Jurassic Park 2: O Mundo Perdido“, não conseguiu replicar tamanho sucesso e qualidade de seu antecessor, apesar de pontos positivos. Já em “Jurassic Park 3“, até existe uma inspiração maior, trazendo um ar inovador e uma trama mais contida e simplória que acaba tendo um saldo bem positivo e divertido, mesmo não sendo a obra-prima tal qual o original.

Em 2015, a saga passa por uma renovação com “Jurassic World“, uma espécie de reboot-continuação, na qual a história se mantém na mesma continuidade, porém apresentando personagens novos e resgatando a ideia inicial de um parque temático com dinossauros, mas dessa vez indo um passo além, o local está em funcionamento. O novo frescor trazido aqui, foi muito bem vindo, sendo divertido e tendo ótimas batalhas épicas entre dinossauros. Foi o resgate do espírito da obra original, porém atualizado para os tempos contemporâneos. A recepção dessa nova aposta foi tão boa, que a arrecadação nas bilheterias foi de “1,67 bilhão de dólares” se tornado a 3ª maior da história na época em que foi lançado. O sucesso batia na porta novamente para a “Jurassic Saga“, o que infelizmente não durou muito.”Jurassic World 2: Reino Ameaçado” era mais um erro, com uma trama que poderia ser interessante, mas que foi mal explorada. Apesar de momentos bem criativos e com uma direção esperta, a continuação pecava em tornar os personagens principais meramente interessantes, apresentava um vilão genérico e com uma sub-trama de uma garota clonada que não encaixou bem.

Agora, a trilogia chega ao fim com o mais novo “Jurassic World: Domínio” e a promessa de uma conclusão emocionante e digna do clássico de 1993 não se cumpre.

Na trama, após os eventos do último filme, dinossauros e humanos convivem juntos o que cria um grande problema social e biológico. A opinião pública é divida entre aqueles que defendem a coexistência com os dinossauros, e aqueles que são a favor de seu extermínio. A extinção dos seres humanos é eminente e a situação global, alarmante. O casal Owen Grandy (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) mantém Maisie Lockwood (Isabella Sermon) afastada da sociedade, pois a menina é procurada por cientistas da BioSyn pelo fato da ela ser fruto de uma clonagem e ter uma genética perfeita, a ponto de ser requisitado pela empresa. A velociraptor Blue, assim como a mãe de Maisie, Charlotte, pode se auto-clonar e assim gera uma bebê dinossauro: Beta. Quando a garota e a filhote são encontradas e raptadas pela maligna corporação, Owen e Claire vão em busca de salva-las enquanto vão de encontro com antigos personagens da franquia, Alan Grant (Sam Neil),
Ellie Sattler (Laura Dern) e Iam Malcom(Jeff Goldblum), que investigam a aparição de gafanhotos mutantes que estão causando um desastre ecológico no planeta e podem estar ligados a BioSyn.

A pauta ambiental levantada no terceiro filme da trilogia “Jurassic World“, é valida e relevante. Discutir o papel do ser-humano e de grandes corporações na destruição da própria raça, sendo responsável pela sua destruição é um tema que pode ser muito interessante se bem explorado. Infelizmente o longa não aprofunda bem essa temática, a deixando em segundo plano e preferindo seguir um caminho de nostalgia e auto referências. O que também não é uma decisão necessariamente ruim, porém, acaba por não satisfazer no resultado final.
Os diversos elementos resgatados da saga utilizados nesse filme são interessantes e divertidos, mas não sustentam ao todo.

O grupo protagonista sofre de falta de carisma, a química entre os personagens é desinteressante e entediante. Já o núcleo do elenco dos filmes originais roubam a cena e conseguem divertir muito mais. Apesar das fragilidades do roteiro, Laura Dern e Sam Neil seguram muito bem em seus papéis, mantendo na atuação a essência e respeitando o que foi estabelecido em “Jurassic Park“. Jeff Goldblum é um show a parte, sendo o maior destaque do filme. Seu timing cômico é
hilário, sua presença é cativante e as interações com os demais personagens clássicos é sensacional. Entretanto, o roteiro é fraco, cheio de diálogos previsíveis e clichês narrativos que não tornam a experiência muito agradável. O antagonismo focado na grande corporação maligna é bobo e nada inovador e que não incrementa na discussão que o filme levanta, como deveria.

A direção de Colin Trevorrow é completamente automática e robótica. Faltou tato para criar um clima de suspense em cenas carentes de tensão. Apesar de momentos divertidos, falta um toque especial para tornar as cenas de ação memoráveis e empolgantes. Existem boas ideias, porém executadas com precariedade. Até possuem um ou outro take inventivo, mas no geral, apenas o básico. O uso dos dinossauros, pouco é memorável. É elogiável o modo como eles evoluem os animais pré-históricos a ponto de estarem mais cientificamente corretos (com uso de penas e características das aves), mas nada que seja suficiente para criar um desafio amedrontador para os personagens e muito menos marcantes para o público.

Jurassic World: Domínio” tinha tudo pra ser um excelente fechamento, mas apesar da nostalgia e fan service funcionarem, não é eficiente para mascarar uma trama cheia de fragilidades e uma direção pouco inspirada. E ao fim, se termina em uma sensação de ser apenas mais um filme da franquia, e não o encerramento que deveria marcar e emocionar todo fã dos dinossauros mais amados do cinema.

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