Babilônia: Uma Ode Caótica à Sétima Arte e a clássica Hollywood

Se existem temáticas que o diretor Damien Chazelle adora trabalhar em seus filmes, são elas: o jazz e o cinema. Tudo bem, fora dessa curva temos “O Primeiro Homem(2018)”, uma obra biográfica sobre Neil Armstrong, o primeiro homem que pisou na Lua; mas tirando a exceção da regra, todos os outros 3 longas do cineasta abordam em alguma escala esses dois temas. Entretanto, com sua estréia em “Whiplash(2014)”, atravéz do jazz, explorou uma relação abusiva de professor para aluno, de maneira completamente envolvente e tensa, fazendo com que sua primeira concepção tenha sido um sucesso. Em “La La Land(2016)”, teceu um comentário sobre os sonhadores, aqueles que possuem sonhos que parecem impossíveis e inalcançáveis, e que lutam por seus desejos em Los Angeles, a terra de oportunidades. Isso, sob um olhar de um romance musical, de um casal que vive em sua pele a música jazz e o cinema hollywoodiano.

De cara, é notável que “Babilônia(2022)”, seu mais novo fruto, também explora esses dois tópicos, mas em especial, a clássica Hollywood. O longa retrata a transição dos filmes mudos dos anos 20 para os sonoros e a dificuldade de diversos profissionais da época em se adaptar à nova realidade.

Através do personagem Sidney Palmer (Jovan Adepo) é que o jazz se torna presente (contribuindo para a marca do diretor). Palmer é um trompetista que toca nas famosas e caóticas festas dos grandes atores e cineastas de Los Angeles. Eventualmente acaba recebendo a oportunidade de estrelar seu próprio filme de jazz, e com isso se torna um ator/músico de renome na indústria. Vemos, por meio desse personagem, serem pinceladas questões de racismo que eram muito presentes na época. Vale ressaltar os famosos closes em trompete que são marca registrada de Chazelle em “Whiplash” e “La La Land“, e que aqui voltam com bastante força.

Mas os destaques reais vem dos personagens: Manny Torres (Diego Calva), Nellie LaRoy (Margot Robbie) e Jack Conrad (Brad Pitt). Manny, o protagonista, trabalha como servente nas comemorações escandalosas em Hollywood. Sempre almejou ser algo maior, e poder trabalhar na indústria de modo que deixasse a sua marca na história do cinema. Nellie, com um sonho muito parecido, procurava ser reconhecida como a estrela que determinava já ser. Conrad, o único no entanto que ja era um grande ator de sucesso, e que possibilitaria a vontade de nosso protagonista com uma oportunidade excepcional.

Margot Robbie plays Nellie LaRoy in Babylon from Paramount Pictures.

“Babilônia”, nos conduz numa jornada de diversas histórias que se entrelaçam e culminam num grande bastidor de Hollywood dos anos 20-60. Com uma abordagem caótica e extremamente bem humorada (sejam pelas situações absurdas ou pelas fragilidades tecnológicas da época), Damien consegue fazer com que 3 horas e 8 minutos passem num estalar de dedos, uma vez que o carisma dos personagens e os acontecimentos completamente atraentes mantém a peteca no alto o tempo todo. Da para dizer que seu estilo se assemelha com a última obra de Quentin Tarantino: “Era Uma Vez em… Hollywood“.

Ainda, concluísse com uma ode ao cinema como um todo, de forma catártica e emocionante, fazendo chorar qualquer apaixonado pela sétima arte, que reconhecem que apesar de bastidores conturbados, o poder da arte cinematográfica é avassalador e profundo e sua magia é única e especial, na qual atinge milhões de pessoas todos os dias, as fazendo vagar pelos sentimentos mais profundos de alegria, tristeza, medo, choque, reflexões. Acima de tudo é uma homenagem a tudo aquilo que o cinema tem de melhor e o impacto que tem no ser humano.

Gabriel Ladeira

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.